quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Escreva Lola Escreva: A LINDA PELE QUE HABITAMOS

Escreva Lola Escreva: A LINDA PELE QUE HABITAMOS: Uma pessoa fisicamente linda assiste a outra. O mais recente filme de Pedro Almodóvar é o máximo . Aliás, o diretor espanhol é o máximo, ...

domingo, 11 de setembro de 2011

Estamira

Estamira, presente!

Por César Fernandes, de Curitiba

estamiraNo dia 27 de julho, Estamira Gomes de Souza, mulher negra da classe trabalhadora, catadora de lixo no Aterro do Gramacho (Rio de Janeiro) nasceu ao contrário. Tinha 72 anos e morreu cansada, mal cuidada e principalmente: não ouvida (paradoxalmente tão escutada no mundo inteiro). A protagonista do filme que leva seu nome, dirigido por Marcos Prado e lançado em 2004 agonizou por horas no Hospital Miguel Couto, na Gávea, desassistida pelo SUS e incapaz – como a imensa maioria dos trabalhadores – de comprar sua assistência em um hospital particular.

Os trocadilos apontam que a razão de sua morte se chama 'septicemia', uma infecção generalizada. Poderiam dizer que por ter transtornos mentais, Estamira deveria ter sido assistida em um asilo, ou um hospital/hospício psiquiátrico para que de lá não saísse e morresse em paz, longe do lixo, das moscas, longe da família, longe daquele mar que lhe era tão importante. Do outro lado, os que acreditam cegamente nos governos, acreditam que a construção da rede de atenção psicossocial substitutiva à lógica manicomial está consolidada, amplificada e atuante. Não desconsideramos os avanços da instalação da rede, determinada pela lei 10216/2001. Mas, como Estamira nos alertou: existe esperteza ao contrário, não inocência.

De toda forma, Estamira passou sua vida em pé, trabalhando, replicando sua existência dentro dum lixão, desatenta aos levantes manicomiais de empresários-da-saúde-mental que discorrem trocadilos sobre técnicas arcaicas repaginadas, assistência integral, novos medicamentos, cuspindo cifras.. Alheia aos professores de Psicologia que passam o filme nas aulas e todos saem das salas com mal estar, surpresos, com pena. No ano que vem, uma nova turma assistirá sua história. Tudo bem: esta arte nos permite a distância, a contemplação, o não envolver-se e o não implicar-se.

Escutamos Estamira e observamos mais uma que sofre numa massa de trabalhadores negros, homens e mulheres que apodrecem todos os dias. Estamira é apenas mais uma entre os milhares de loucos da classe trabalhadora que já não valem mais nada ao sistema do capital e que por isto – e só por isto – são jogados no lixo para se confundirem ao inútil e ao descuido nos aterros e favelas do país.

O cinismo deste sistema traveste seu discurso delirante, denunciativo, agressivo e violento em “poesia”, “uma forma atípica de expressão”, “obra de arte”. Esta forma de arte não nos importa. Não queremos lembrar de Estamira apenas quando seu filme recebe mais um prêmio internacional. Acreditamos que não basta lamentar sua morte em cento e quarenta caracteres, num pio. Reivindicamos a vida e obra produzida ao longo dos dias de vida de Estamira. Com todos os seus direitos humanos negados, todos os serviços de saúde de má qualidade, sua péssima condição de moradia, seu trabalho precarizado, a educação negada. Seus e de todos os trabalhadores.

Não nos interessa a mera constatação de que algo vai errado. Interessa a luta pela efetividade da atenção à saúde mental no Brasil. Interessa a consolidação de equipes multidisplinares, a efetivação da Reforma Psiquiátrica, a redução de danos, a porta aberta nos equipamentos, a defesa intransigente de uma vida digna e sem desigualdade social para todos os trabalhadores. Lutando, honramos Estamira e todos os seus irmãos e companheiros desconhecidos, que nunca estrelarão um filme mas que também querem visitar o mar.

Estamira! Mulher negra, resistente, trabalhadora!

Presente!

César Fernandes é psicólogo militante da luta contra os manicômios e pela construção do socialismo.

domingo, 21 de agosto de 2011

Via Campesina: por que vamos nos mobilizar

Fonte: http://mariafro.com.br/wordpress/2011/08/20/via-campesina-por-que-vamos-nos-mobilizar/

Via Campesina: por que vamos nos mobilizar
Da Página do MST

Brasília recebe 4 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais de 23 estados e do Distrito Federal dos movimentos da Via Campesina em um grande Acampamento por Reforma Agrária, a partir desta segunda-feira (22/08), nos arredores do Ginásio Nilson Nelson.

A mobilização integra a Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária que acontece em todo o Brasil a partir do dia 22 de agosto. Além do acampamento, atos políticos e culturais devem acontecer em Brasília e nos Estados onde os movimentos da Via Campesina estão organizados.

Abaixo, saiba por que estamos mobilizados.

Ao povo brasileiro, governos municipais, estaduais e federal: Por mudanças no modelo agrícola: para que todos tenham terra, condições de produção, emprego e renda no meio rural. E alimentos saudáveis para toda a população.

Os movimentos sociais da Via Campesina: Comissão Pastoral da Terra(CPT), Movimento dos Atingidos por Barragens(MAB), Movimento dos Pescadores e Pescadoras, Quilombolas, Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Sindicato dos Trabalhadores na EMBRAPA, CIMI (Conselho Indigenista Missionário) e diversos movimentos do campo, estamos mobilizados em todo o país, para debater com a sociedade e com os governos, municipal, estadual e Federal, para exigir mudanças no modelo agrícola e apresentar propostas para a agricultura brasileira.

O modelo do agronegócio é o jeito das grandes empresas estrangeiras controlarem a produção e o comércio de nossa agricultura, dos bancos ganharem dinheiro, em aliança com os grandes proprietários de terra e apoiados pela mídia. Ele concentra a produção, a propriedade da terra, expulsa os trabalhadores do campo, só produz para exportação, usa de forma intensiva venenos e máquinas, e desequilibra o meio ambiente.

É um modelo apenas para d ar lucro para alguns, enquanto a maioria da população paga o preço. Por isso, o Brasil é o maior consumidor mundial de venenos! Nós defendemos um novo modelo agrícola, baseado na agricultura familiar, camponesa, que fixe as pessoas no meio rural, garanta terra, gere emprego e renda.

Para isso, os governos precisam implementar urgentemente:

1 A desapropriação dos grandes latifúndios improdutivos, muitos em mãos do capital estrangeiro, e distribuir para assentamento das milhares de famílias acampadas. Além de garantir um plano de assentamento de 100 mil famílias por ano.

2 Uma nova política de crédito rural, mais acessível aos pequenos agricultores, diferente do PRONAF. Começando pela anistia de todos os que devem até dez mil reais por família e renegociação das dividas.

3 Apoio à educação no campo. Proibição de fechamento de qualquer escola no meio rural. Instalar escolas de ensino fundamental, ensino médio e Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifets), garantia de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional aplicado em educação e 50% de toda renda do petróleo do pré-sal.

4 Proibição do uso de agrotóxicos e garantia de produção de alimentos saudáveis para população

5 Investir recursos e transformar a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) numa grande empresa que compre todos os alimentos produzidos pela pequena agricultura.

6 Garantir a democratização da gestão pública na Embrapa e se priorize pesquisas e políticas voltadas ao interesse do povo brasileiro, de alimentos e da agricultura familiar e camponesa.

7 Não podemos aceitar as mudanças propostas no Código Florestal, aprovadas na Câmara dos Deputados, no projeto Aldo Rebelo. Exigimos que o senado atenda as demandas dos movimentos, da sociedade e convoque um plebiscito popular para decidir. Em defesa do meio ambiente, para nossa saúde e das gerações futuras. Não precisamos desmatar mais nada para seguir aumentando a produção.

8 Revisar a política de tarifas de energia elétrica e de gás de cozinha e implemente uma política de estimulo à medidas populares de produção e economia de energia. Queremos que a população receba gás de cozinha abaixo de R$ 20,00/ botijão (antes da privatização estava a R$ 4,00 e agora está em média a R$45,00/botijão); Instalação de um milhão de “Aquecedores Solares de Água”, de baixo custo, experiência comprovada que permite reduzir em 25% o consumo de energia de uma residência; Redução e fim dos aumentos nas tarifas de energia elétrica

9 Aprovação, pela Câmara dos Deputados, do projeto já aprovado no Senado Federal, que determina a desapropriação das fazendas com trabalho escravo. No último ano, a Polícia Federal encontrou trabalho escravo em 240 fazendas, em todo país.

10 Impedir o projeto de lei proposto pelos ruralistas, que permite esterilizar as sementes, na técnica do terminator, para que as empresas transnacionais tenham controle de todas as sementes transgênicas.

11 Reconhecimento imediato e legalização das terras historicamente ocupadas pelas comunidades quilombolas, ribeirinhas e povos indígenas.

sábado, 2 de abril de 2011

Feminismo

Adorei esse post do Dykerama, e como adoro copiar aqui o que vejo de bom...:

Depois de O Segundo Sexo, nunca mais fomos as mesmas
É necessário trabalhar o legado deixado por Simone De Beauvoir
Por Marcelo Hailer
Publicado em 8/3/2011 às 01:58
Fotos
Crédito: Reprodução
Simone De Beauvoir

Tá certo que os primeiros grupos feministas datam do período trotskista, no inicio da revolução comunista da Rússia. Porém, com o advento do stalinismo, as mulheres subversivas e libertárias foram caladas pela ditadura. Nessa época, os movimentos feministas desenvolveram muitas teses a respeito do gênero.

O caldo ficaria ainda mais denso quando no ano de 1939 Simone De Beauvoir escreveria a ultima linha de sua obra fundamental, O Segundo Sexo, que foi dividida em duas parte e publicada entre os anos de 1941 e 1943. Beauvoir iniciou um debate que até hoje divide corações a respeito da condição feminina: a mulher não existe e não passa de uma criação da cultura masculinista, portanto, o sujeito feminino ainda não libertado.

Depois da publicação de seu livro, a escritora foi proibida de entrar em vários lugares, os conservadores da época a consideravam imoral, afinal, além de sua obra, Beauvoir vivia um casamento aberto com o também filósofo Jean Paul Sartre. Por sorte, “O Segundo Sexo” atravessou oceanos e chegou aos Estados Unidos. Lá, a escritora foi recebida por inúmeras faculdades e obteve o grande reconhecimento acadêmico. Suas idéias também influenciariam profundamente os movimentos feministas, que até então se pautavam pelo debate essencialista, baseado na questão biológica.

A mulher então começaria a romper com o espaço em que a sociedade masculina queria lhe encerrar: o lar. Unidas, as mulheres decidem que é hora de ir à política, lutam pelo direito ao divórcio, mesmo sabendo que serão discriminadas e também levantam o debate a respeito de quem seria a mulher?

Muitas podem afirmar que desejam igualdade de direitos e acesso perante aos homens; outras que querem simplesmente viver como amélias (essas mulheres acredito que estão em extinção). Afinal de contas, a mulher, provocada pela famosa frase de Beauvoir – a gente não nasce mulher, torna-se mulher – foi construir a sua identidade. Fácil não foi e ainda não é. O sujeito feminino ainda está ligado, em boa parte das mentalidades, ao que há de abjeto e fraco.

Uma recente pesquisa da Fundação Perseu Abramo só confirma isso: a cada dois minutos uma mulher é agredida. O estudo ainda revela que há homens que justificam as agressões dizendo que na segunda vez elas aprendem. Infelizmente, o dia 8 de março ainda tem esse lado macabro: o sexismo, mal que afeta mulheres e homens fora do padrão imposto pelos masculinistas.

Os debates em torno do gênero e sexualidade é a grande prioridade deste inicio de século. É necessário trabalhar o legado deixado por Simone De Beauvoir e pelas feministas. Precisamos fortalecer cada vez mais a ideia da liberdade feminina na casa, no trabalho, no cotidiano e principalmente na política. Vale lembrar que a participação da mulher na política ainda é baixa e isso se dá por motivos óbvios: machismo e misoginia, dois males que ainda assolam, inclusive, espaços gays. Homossexuais masculinos, em boa parte, padecem de um triste machismo com lésbicas e gays afeminados. Mais uma vez o feminino é rejeitado.

Quando a presidenta Dilma Rousseff tomou posse afirmou que “sim, a mulher também pode” Em um país onde ainda se morre por ser mulher, ter a mandatária mor uma parceira do gênero deveria ser motivo de orgulho para todas nós. Mas, a unanimidade não existe. Hoje o Brasil é governado pelo gênero que incomoda e que está, aos poucos, dando o tom na política brasileira e construindo a sua identidade, não a partir do prisma masculinista, mas sim do feminino. A mulher feita a partir do olhar da mulher. Deixaremos de ser, aos poucos, uma criação fetichistas dos homens.

Feliz dia da mulher!


(Fonte: http://dykerama.uol.com.br/src/?mI=1&cID=80&iID=3429&nome=Depois_de_O_Segundo_Sexo,_nunca_mais_fomos_as_mesmas)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Direitos humanos devem ser priorizados, defende Rosário

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário (PT-RS), pediu nesta terça-feira (1º) aos parlamentares empossados na 54ª legislatura (2011-2015), atenção especial para os temas relacionados à pasta. A petista, que tomou posse como deputada, mas se licencia em seguida para o cargo no executivo, pediu pressa na aprovação da Comissão da Memória e da Verdade, que tem como objetivo abrir documentos da ditadura militar sobre mortos e desaparecidos do regime.

"Faço um apelo para que seja aprovada, o mais rápido possível, a Comissão da Verdade, porque isso significa avançar na agenda democrática do país", defendeu Rosário.

A ministra lembrou que o próprio Congresso Nacional foi fechado durante a ditadura militar e vários parlamentares perderam seus direitos políticos. "Desde os tempos da ditadura temos o mais longo período democrático da história. O que falta é respondermos a esse período, apresentando aos familiares os arquivos de mortos e desaparecidos deste episódio negro da história do Brasil", disse.

Violação de direitos - O deputado Domingos Dutra (PT-MA) também defendeu um amplo debate sobre todos os aspectos dos direitos humanos. Dentre eles, destacou as condições sub- humanas a que estão submetidos os presos brasileiros. Dutra, que foi relator da CPI do Sistema Carcerário na legislação passada, afirmou que continuará lutando para reverter o grave quadro de degradação em que se encontra o sistema prisional brasileiro. "Falar em direitos humanos hoje no Brasil sem discutir o sistema prisional, é ficar na superficialidade. Falar em tortura sem entrar nos presídios brasileiros é omissão. A ministra Rosário tem uma tarefa muito importante de agendar esses debates para que medidas sejam tomadas e pessoas sejam punidas", defendeu.

De acordo com o parlamentar, enquanto a situação prisional brasileira não for revista, será muito difícil controlar a criminalidade no país. "Todos os dias os presídios de todos os estados brasileiros devolvem às ruas dezenas de 'feras humanas', que logo irão matar, roubar e destruir a sociedade. Quem entra numa cadeia hoje no Brasil, não sai com nenhum motivo para respeitar os engravatados. A vontade deles é de se vingarem pelas condições precárias que estavam submetidos sob a tutela do Estado", desabafou.

"Precisamos de mais investimento e de medidas radicais para punir juízes, promotores, delegados e todos aqueles que se omitem, diante de uma situação tão grave", finalizou Dutra.

Edmilson Freitas

Fonte: PT na Câmara http://www.informes.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5996:direitos-humanos-deve-ser-priorizado-defende-rosario&catid=1:latest-news&Itemid=108

TODO APOIO À REVOLUÇÃO NO EGITO!



TODO APOIO À REVOLUÇÃO NO EGITO!

Desde o dia 25 de janeiro o Egito foi tomado por gigantescas mobilizações contra a ditadura que governa o país há 30 anos. Os protestos aconteceram em cadeia após a queda de governos autoritários na Tunísia e também se espalharam pela Argélia , Jordânia e Iêmem. Dois terços dos 80 milhões de egípcios tem menos de 30 anos e essa numerosa juventude está mostrando sua força num ascenso colossal. Empunhando cartazes com a foto do jovem Khaled Said, que foi brutalmente torturado e assassinado pela ditadura, milhões de manifestantes mostram que o Egito não aceitará mais o governo de Hosni Mubarak.

Nesta sexta feira, dia 28, ocorreram as maiores mobilizações da história do país. Uma verdadeira revolução democrática está em curso. O governo não poupou esforços para conter violentamente os protestos, já são mais de 800 presos e mais de 100 mortos. Mas as ruas continuam tomadas por milhares de jovens e trabalhadores que desafiam o toque de recolher, as bombas de gás lacrimogêneo, os tanques de guerra e todo o arsenal repressivo do governo.

Não é só a legítima luta pela liberdade que move milhões de trabalhadores e jovens egípcios. Cerca de 40% dos habitantes vivem com 2 dólares por dia. O desemprego, a fome e a miséria também são parte da indignação da população.

O Egito é um país muito importante na região, além de ser o mais populoso, domina o canal de Suez e é peça chave para manter o vergonhoso bloqueio à Faixa de Gaza. Mubarak é fiel aliado do imperialismo, depois de Israel, é o país que mais recebe dinheiro dos EUA na região: US$ 2,5 bilhões. A primeira declaração dos Estados Unidos, feita por Hilary Clinton, afirmava a estabilidade do país e dava ao velho aliado um voto de confiança. Neste momento em que as mobilizações crescem a cada dia e estão totalmente fora do controle do governo e mesmo da oposição, Obama fala em democracia como valor universal e pede reformas. Na verdade o que determina a posição norte americana em relação aos governos de todo o mundo, não são os seus valores, mas os interesses dos EUA. Foram décadas de colaboração imperialista com a ditadura, essa declaração neste momento só indica que a força dos protestos está levando Obama a pensar em uma saída negociada que estabilize o quanto antes o país.

Nós, ativistas e lutadores do movimento social brasileiro apoiamos a corajosa luta dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre no Egito.

Abaixo a Ditadura de Mubarak!


Fonte: Blog da Anel http://anelivre.blogspot.com/2011/02/todo-apoio-revolucao-no-egito.html

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Nota dos Movimentos Sociais: Funai vem manipulando associações indígenas no Pará

Os Movimentos Sociais de Altamira vêm a público denunciar a manipulação do Governo Federal, Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Norte Energia junto à associação dos indígenas moradores de Altamira-PA.

Os povos indígenas de diversas aldeias do médio Xingu mobilizados pela Funai, com apoio logístico da Norte Energia, estiveram reunidos entre os dias 17 e 22 de janeiro do corrente ano, na casa do índio e na Funai para discutir questões relacionadas à saúde e educação nas aldeias. À frente desta reunião estavam indígenas ligados à FUNAI e membros da Norte Energia que, aproveitando de uma demanda legítima desses povos usaram o evento para legitimar ações de seus interesses causando prejuízos aos povos indígenas e interferindo no direito constituído da livre associação das organizações civis e na forma de relacionamento dos índios e de sua cultura.

Os fatos denunciados são os que seguem:

- Apoio logístico da Funai à funcionários e indígenas favoráveis ao projeto de construção da barragem de Belo Monte;

- Convocação de uma reunião da Associação dos Índios Moradores de Altamira (AIMA) assinada por uma funcionária da Funai;

- Destituição da Diretoria da AIMA de forma ilegal e autoritária nesta mesma reunião convocada pela Funai:

- Coação de Lideranças Indígenas contrários a Barragem;

- Cooptação das comunidades indígenas através de doações de cestas básicas;

Diante do exposto repudiamos e denunciamos as ações e iniciativas da Funai e Norte Energia que expõem os povos indígenas a uma série de ameaças ao mesmo tempo em que enfraquece suas organizações provocando atritos entre os mesmos e pondo em risco a vida de algumas lideranças.

Assinam esta carta:

CIMI – Conselho Indigenista Missionário;

CPT - Comissão Pastoral da Terra;

MAB/Via Campesina – Movimento dos Atingidos por Barragens;

MXVS – Movimento Xingu Vivo para Sempre;

Consulta Popular/Altamira;

MPA/Via Campesina – Movimento dos Pequenos Agricultores;

UJOX – União da Juventude Organizada do Xingu;

AITESAMPA – Associação Indígena Tembé de Santa Maria do Pará;

AIMA – Associação dos Índios Moradores de Altamira;

APIJUX – km – 17 – Associação do Povo Indígena Juruna do Xingu;

Comitê Metropolitano Xingu Vivo para Sempre;

Pastoral da Juventude;

Pastoral da Juventude Rural;

ABEEF – Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal/Via Campesina;

FEAB – Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil/Via Campesina;

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

CARTA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS DE NOVA FRIBURGO À POPULAÇÃO

É urgente a união dos movimentos e organizações representativas dos trabalhadores para ações conjuntas no caminho da (re)construção das cidades sobre novas bases, visando ao atendimento dos interesses populares:

Basta de irresponsabilidades e mortes. As tragédias podem ser evitadas!

A região serrana do Estado do Rio de Janeiro assistiu, na madrugada do último dia 12, a reprise de um filme de catástrofes. Ao amanhecer é que se pôde visualizar e ter as primeiras dimensões do ocorrido. O cenário era de devastação e tragédia: ruas inundadas, encostas desbarrancadas, residências desmoronadas, pessoas desesperadas e aos prantos, pela perda de parentes, amigos e vizinhos.

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Na contramão do individualismo competitivo e ganancioso praticado pela burguesia, a população prontamente dedicou-se à solidariedade no socorro imediato às vítimas. Eram voluntários cavando com as próprias mãos, rompendo isolamentos, oferecendo teto e consolando os que tudo haviam perdido, mesmo que derramando lágrimas pelos entes queridos e pelo quadro geral de desolação.

Após os momentos iniciais de incredulidade e pavor, as pessoas se perguntavam: não seria possível evitar tamanha perda material e de centenas de vidas? Já não se produziu conhecimento científico capaz de prever fenômenos naturais como este e evitar as conseqüências tão devastadoras? Não existem exemplos no mundo de tragédias similares para as quais foram encontradas soluções de forma a reduzir ao mínimo as perdas? A quem caberia tomar as iniciativas necessárias a impedir tamanha catástrofe? Por que as autoridades não tomaram as medidas preventivas?

Na verdade, os trágicos acontecimentos são o reflexo direto de diversos fatores que atuam em conjunto, tais como a devastação da cobertura vegetal do planeta e o lançamento, na atmosfera, de um enorme volume dos chamados gases do efeito estufa, como o gás carbônico (CO2), o metano (CH4) e muitos outros.

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No entanto, a causa mais grave e evidente é a ocupação desordenada de encostas, margens de rios e outros espaços impróprios nas cidades, sem respeito às exigências técnicas de segurança. As áreas de risco são ocupadas por vias públicas e famílias de baixa renda que não têm para onde ir e precisam estar perto dos centros urbanos, mas também por habitações voltadas às camadas de rendas média e alta, construídas em ações de especulação imobiliária.

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De igual forma, a falta de estudos e ações preventivas, aliada ao despreparo e à precariedade dos equipamentos das entidades de Defesa Civil e à total falta de concatenação dos governos e dos diversos órgãos que têm a possibilidade de atuar em situações de emergência, denuncia a visão imediatista dos políticos burgueses, praticantes da troca fisiológica de favores por votos, deixando ao léu qualquer perspectiva de administração planejada das cidades em prol do interesse popular. Fica clara a total falta de compromisso dos governos com as camadas populares e suas necessidades.

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Neste momento de dor e sofrimento, a tarefa imediata é prestar solidariedade, arregaçar as mangas, ajudar as vítimas. Mas uma tragédia como essa é uma demonstração clara de que o uso do solo para os interesses do capital, a ocupação das cidades em benefício dos ricos, a falta de participação direta da maioria da população nas decisões políticas não podem continuar.

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Já passou a hora de a população, que paga seus impostos e produz a riqueza através do trabalho, mudar este estado de coisas. A classe trabalhadora tem o direito de receber de volta e a fundo perdido os recursos (no lugar do saque do Fundo de Garantia) para adquirir moradia digna em local seguro, com todos os equipamentos urbanos e sociais que o Estado tem a obrigação de oferecer: pavimentação, iluminação pública, saneamento básico (coleta de lixo, água potável e esgoto tratado), energia elétrica (com tarifas equivalentes às contas de luz das indústrias), telefonia, transporte público a preços justos, educação, cultura e lazer. Se há dinheiro sobrando para socorrer grandes empresas e bancos durantes as crises do capitalismo, é inaceitável não haver recursos para salvar e manter a vida dos trabalhadores. Além disso, é preciso decretar a garantia de empregos e salários.

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- plano emergencial para atendimento às necessidades imediatas das populações atingidas pela tragédia, com acolhimento aos desabrigados, aluguel social, alimentação e atendimento médico;

- isenção de impostos, taxas e tarifas aos atingidos pela catátrofe;

- recurso a fundo perdido para aquisição de bens móveis extraviados;

- campanha de saúde preventiva para toda a população;

- garantia de empregos e salários;

- formação de conselhos populares para acompanhamento da aplicação das verbas federais nos municípios arrasados pelas chuvas e das políticas públicas a serem adotadas;

- construção de moradias populares em áreas seguras e com dignas condições de vida (infraestrutura, saúde, educação, transporte);

- plano permanente de preservação ambiental, na contramão da lógica capitalista destruidora;

- construção do Poder Popular com vistas à democracia direta na tomada de decisões.

Sindicatos dos Trabalhadores Metalúrgicos, Têxteis, Vestuário, Saúde e Previdência, Professores e Profissionais da Educação no Estado do Rio de Janeiro (SEPE), Associação de Docentes da Faculdade Santa Dorotéia, PCB, PSTU e PSOL